A taxa SELIC e o esculacho em nossas vidas

 

A taxa SELIC e o esculacho em nossas vidas

 

A Taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Ela é utilizada como referência para diversas operações financeiras no país, especialmente as realizadas entre instituições financeiras, como empréstimos de curtíssimo prazo lastreados em títulos públicos federais. Ou seja, mais do que pensamos, esta taxa afeta nossas vidas diariamente, como se pretende observar a frente.

 

A Taxa Selic é composta por duas variações principais:  Selic Meta, determinada pelo Copom, representa o objetivo para a taxa de juros, influenciando diretamente as condições econômicas e monetárias do país. Selic Efetiva, calculada diariamente com base nas operações efetivamente realizadas no mercado financeiro.

 

A Selic é usada pelo Banco Central como instrumento de política monetária, influenciando o controle da inflação, o nível de atividade econômica e o custo do crédito. Quando a inflação está alta, o Banco Central pode aumentar a Selic para desestimular o consumo e o crédito. Por outro lado, quando a economia está desaquecida, a taxa pode ser reduzida para incentivar investimentos e consumo. O Banco Central usa um documento disponível em seu site, https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/transmissaopoliticamonetaria, onde ali se tem um manual de maldades contra 92% do PIB brasileiro, aqui vale dizer que 8% é o mercado financeiro, enfim todos se prejudicam para que uma minoria enriqueça ainda mais.

 

A Taxa Selic, enquanto referência para os juros da economia brasileira, desempenha um papel central no impacto da dívida pública sobre o orçamento federal. Segundo análise da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), é essencial reconhecer que o principal fator dos desequilíbrios fiscais no Brasil reside nos elevados custos do pagamento de juros da dívida pública. Nos últimos 12 meses, o montante destinado ao pagamento desses juros somou R$ 869,3 bilhões, um valor expressivo que ilustra a influência direta da Selic na dinâmica fiscal. Com uma taxa básica de juros elevada, o custo do financiamento da dívida pública aumenta substancialmente, beneficiando os detentores de riqueza financeira, mas sobrecarregando o orçamento público. Essa situação reduz a capacidade do governo de investir em áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura, enquanto o serviço público enfrenta sérias restrições. Pessoas morrem com problemas de saúde, por conta de cortes orçamentários na saúde, muita gente sofre para entrar e cursar uma universidade, tentando compatibilizar com uma tentativa de melhorar de vida. E ainda tem gente que diz, cinicamente, que o pobre não se esforça o suficiente.

 

Além disso, um documento recém publicado pelo DIEESE, alerta que as medidas de ajuste fiscal propostas, tendem a recair desproporcionalmente sobre os trabalhadores e as populações mais vulneráveis. Enquanto propostas como a restrição de benefícios sociais (salário mínimo, BPC e Bolsa Família) são tratadas como urgentes no Congresso, iniciativas para ampliar a justiça tributária, como o aumento da isenção do imposto de renda e a taxação dos mais ricos, permanecem em segundo plano. O projeto de isenção para quem ganha até R$5.000,00 por mês, nem foi dado entrada ainda. O mesmo Dieese afirma que o salário mínimo deveria ser de R$6.959,31 para que uma pessoa possa viver com dignidade, ora minhas queridas e meus queridos, isto representa 1/5 desse valor. Estou afirmando que se todos estivéssemos empregados não haveria inflação de demanda como afirma o BC, pois o salário mínimo é baixo, basta lembrar que 60% da classe trabalhadora ganha até um salário mínimo, enfim eu gostaria de poder provocar inflação de demanda como dizem os diretores do BC, mas aqui em baixo tem é muitas necessidades e pouca grana para satisfazer as mesmas. Sonhar em ter uma geladeira melhor e não poder comprar por não ter grana não gera inflação, as lojas não vendem geladeira para lisos.

 

Nesse contexto, a Selic se torna um elemento crítico na discussão sobre a sustentabilidade fiscal. Reduzir a taxa básica de juros poderia aliviar a pressão sobre a dívida pública, liberando recursos para o desenvolvimento econômico e social. Assim, repensar a política monetária e sua relação com os juros da dívida surge como um passo indispensável para equilibrar as contas públicas de forma mais justa e inclusiva.

 

Entretanto, a medida do Banco Central de aumentar a SELIC para 12,25%, trouxe uma alegação de que o remédio amargo era necessário para controlar a inflação. Comecei aqui a cantarolar os versos de “pega na mentira”, música das antigas de Erasmo Carlos. A inflação brasileira já está controlada, afinal ela é basicamente, uma inflação de preços, fabricada pelos aumentos nos preços administrados pelo próprio governo, tais como combustíveis gás, energia elétrica, água, transportes, remédios e o que o governo não administra diretamente, os alimentos. Estes últimos sofrem influência do dólar e, pasmem: dos juros altos, entendeu? O BC quando aumenta a taxa, na verdade está contribuindo para aumento da inflação. Sei que você vai dizer que não é bem assim, mas veja bem, por que a inflação deu uma leve crescida? Preço da carne devido a seca e preço do café com alta do preço do mercado internacional, sem contar que a China tem comprado nossa carne a um preço elevado. Taxa SELIC não determina preço de carne e café.

 

Rafael Lucchesi, diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), criticou o atual patamar da taxa Selic, atualmente em 12,25% ao ano, argumentando que juros elevados restringem o acesso ao crédito, inibem investimentos e comprometem o crescimento econômico, especialmente no setor industrial. Ele destacou que cada ponto percentual adicional na Selic representa um aumento de R$ 40 bilhões nas despesas anuais com juros da dívida pública, onerando as contas públicas e dificultando a execução de projetos de infraestrutura e inovação. Cálculos do Dieese dizem esse valor é de R$ 50 bilhões. Lucchesi também apontou que a alta carga tributária e a concentração bancária no Brasil agravam o cenário, resultando em um dos maiores spreads bancários do mundo, o que encarece o crédito para empresas e consumidores. Ele enfatizou que taxas de juros elevadas incentivam o rentismo improdutivo, prejudicando o desenvolvimento econômico e a competitividade das empresas brasileiras. Lucchesi defende que a redução da taxa Selic é essencial para aliviar o custo da dívida pública, melhorar o ambiente de negócios e promover o desenvolvimento industrial e econômico do país.

 

Existe hoje no Brasil, um sequestro de riquezas para o andar de cima. Afinal quem faz aplicação financeira? Não me venham chamar de investidores, pois este termo serve para quem coloca grana para produzir alguma coisa, fora isso é aplicação com viés de especulação. 75% das famílias brasileiras não tem renda para aplicar no mercado financeiro, entendeu? Tudo que aqui é produzido por empresas e empregados, acaba sendo apropriado por este time de sanguessugas, Aquele famoso 1% mais rico detém até 15% dos títulos do Tesouro Direto.

Agora com esse aumento, mais juros serão exigidos, a dívida pública vai aumentar e o governo será obrigado a cortar mais gastos ainda e todo esforço do setor produtivo da economia vão gerar mais impostos que irão para os cofres dos especuladores.  Precisamos encerrar este ciclo de perversidade eu esculacha nossas vidas.

 

 

 

 

 

 

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