A Indústria da Doença e a Saúde em Disputa no Brasil
O Brasil vive uma encruzilhada histórica na saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS), construído a partir da mobilização popular e inscrito na Constituição de 1988 como direito universal, tornou-se referência mundial pela vacinação em massa, pela distribuição de medicamentos de alto custo e pelo atendimento emergencial gratuito. Mas, ao mesmo tempo, cresce o poder do complexo médico-industrial/financeiro, formado por laboratórios, hospitais privados, planos de saúde e fundos de investimento que veem a saúde como um setor altamente lucrativo. Cada vez mais, se aumentam os custos com a saúde e pessoas começam a ficar excluídas de um atendimento eficaz, submetidas a ótica da mercantilização de suas vidas. O país ocupa hoje a posição de sétimo maior mercado farmacêutico do mundo, segundo dados da Interfarma (2023), com um faturamento anual que ultrapassa R$ 130 bilhões. Grande parte desse valor vem de medicamentos de uso contínuo, voltados a doenças crônicas como hipertensão, diabetes...