A banalidade do mal, tupiniquim
O pós pandemia aliado a idade, me deixou um legado, pouco tenho saído de casa para eventos sociais. Ontem o aniversário de um querido amigo, me fez gastar um litro de gasolina e ir ao encontro dele e de amigos. Sentados à mesa, fiquei observando aquelas pessoas que praticamente crescemos juntos, envolvidos em torno do Feira Tênis Clube, um espaço de classe média e de convivência em nossa juventude. Anos e décadas se passaram , muitos se foram, mas estávamos ali, eu conhecia aquelas pessoas, e descobri que também desconhecia, afinal nos últimos 5 anos, escancaramos nossas opções políticas, nos colocando em trincheiras diferentes. Eu esperava que ao final das eleições, aquela disputa arrefeceria, e decerto que isso ocorreu, entretanto algumas pessoas ainda se mantém em trincheiras dessa guerra fraticida.
Eu gosto de ter sempre visualizando o meu status do WhatsApp, alguns destes Eichmans, como bem determina Pedro Neto hoje em artigo no site aterraredonda. O título do artigo, em si já remete a uma boa leitura, a mediocridade do não pensar”. O texto faz uma boa relação entre o pensamento da Hannah Arendt e os bolsonaristas atuais. Sim , essa galera banalizou a mentira, continuam postando vídeos e memes distorcidos de uma realidade, vivem, sem notar, atrás de um Véu de Maya. Incrível como são incapazes de pedir desculpas por postar mentiras.
A cultura do ódio que disseminam diariamente em redes sociais, os transformou em meros objetos de dominação ideológica, reféns de informação distorcida e começam a compartilhar e, ai de quem os contrariar provando que aquilo é mentira, se voltam raivosos, desconsiderando toda forma de amizade, parentesco, amores. Incrível como foram treinados para banalizar o mal, tal como Eichman em seu julgamento, deixou a imagem apresentada em Arendt, que tão bem capturou a essência do nazismo. Isso se repete no Brasil, diariamente em grupos de WhatsApp e deixa um burrice escancarada pela mediocridade em não querer pensar. Ontem no aniversário, um amigo notou que não fiquei com eles no grupo do bando anunciador. Alguém lembrou que optei em sair no bloco CPQ, Comuna Que Pariu, pela primeira vez em Feira. O querido amigo ( querido mesmo), ironizou perguntando se tinha mais de seis? Eu na lata respondi, “se teve essa quantidade, tá vendo como não somos ameaça que tanto pintam?” Os risos na mesa foram intensos, enquanto que os defensores de ditadura nazifascista arregalaram os olhos, como se eu tivesse lhes jogado que, rezar pra pneu não é coisa de gente inteligente. Aí eu fiquei refletindo como o olavobolsonarismo leva as pessoas para banalizarem o mal neste país tão mistificado e com um racismo tão multifacetado na sociedade, ai lembrei que racismo, homofobia, lesbofobia e capacitismo são lanças do Capitalismo para nos dividir.
Estas pessoas foram para as portas dos quartéis pedir por um golpe militar, sem noção do ridículo a que estavam expostas, como esquecer a cantoria: - forças armadas, salvem o Brasil? Tinha gente de todas as classes ali, de analfabeto a doutor, bradando Deus ,Pátria e Família, sem saber, em sua maioria que estavam repetindo como farsa, uma tragédia que assolou o mundo nos anos 40. Estas pessoas continuam diariamente desprezando amizades apenas por pensar diferente e sua mediocridade reside em querer convencer com mentiras e distorções, não aceitando o contraditório, pelo contrário sempre querem generalizar o particular, partindo de um exemplo isolado e querendo criminalizar geral quando bem lhe interessam. Essa semana no congresso nacional o bizarro deputado do Pará, com sua indefectível peruca, chamou o governo petista de governo comunista, e teve quem compartilhasse sua safadeza, transformando diariamente os seus seguidores em medíocres do não pensar. Como também é medíocre ficar repetindo Brasil acima de tudo, sem saber que essa expressão vem de Hitler. Será que essas pessoas são nazistas? ou foram cooptadas por uma doutrinação de direita a partir de sentimentos internos ambíguos que foram externalizados? Tais como evangélicos odeiam ateus, mas Deus odeia ateus? Eles bugam, os pequenos empresários odeiam Estado, mas silenciam quando os grandes empresários abocanham parcela significativa da arrecadação tributária em forma de incentivos e outros benefícios.
Eu não sei que país deixaremos aos nossos, confesso que não sei!
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