Zona Azul. Uma nova produção dos mesmos criadores do BRT e do Shopping Popular

A Gestão Municipal apresentou mais um projeto de intervenção no centro da cidade de Feira de Santana. Trata-se da tao esperada e requentada Zona Azul. Vale aqui salientar que nao se trata de nenhuma novidade, pois anos atrás o serviço foi implantado aqui e, apesar do inicio ter tido boa aceitação, acabou nao vingando e foi extinto. Agora, a ideia foi ressuscitada pela lei complementar 078 de 2013 e agora regularizado pelo decreto lei 13.231 pelo prefeito Colbert Martins.

Um serviço de estacionamento de zona azul refere-se a um sistema de estacionamento rotativo onde os motoristas pagam uma taxa para estacionar em determinadas áreas demarcadas, geralmente através de um cartão ou aplicativo. O objetivo é limitar o tempo de estacionamento e incentivar a rotatividade, permitindo que mais pessoas tenham acesso às vagas. Diversas cidades brasileiras adotam o sistema de estacionamento de zona azul, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, entre outras. Assim Feira de Santana, através da Prefeitura Municipal pretende implantar o serviço aqui em nossa cidade.

A implementação da Zona Azul em Feira de Santana surge como uma estratégia para aprimorar a gestão urbana, oferecendo uma série de benefícios, a começar pela oferta de mais de 8000 vagas para carros e motos. Ao cobrar pela utilização do estacionamento, a cidade busca controlar a demanda, especialmente no congestionado centro, onde o impacto negativo no comércio local é evidente. Além disso, a iniciativa visa promover a rotatividade de veículos, proporcionando maior acesso às lojas e serviços, ao mesmo tempo em que as receitas provenientes das taxas serão direcionadas para melhorias urbanas, como manutenção de calçadas, paisagismo e sinalização. O desestímulo ao estacionamento prolongado otimiza o uso das vagas disponíveis, enquanto a cobrança contribui para manter um controle eficaz sobre o valioso recurso do espaço de estacionamento. Essas taxas, por sua vez, gerarão receitas adicionais para o município, possibilitando investimentos em serviços públicos, educação e transporte, promovendo, assim, uma gestão urbana mais eficiente e sustentável. 

A cobrança pelo uso da zona azul é uma maneira de equilibrar a demanda por estacionamento, financiar melhorias urbanas e promover a mobilidade eficiente em áreas urbanas densas. A implantação da zona azul em cidades geralmente enfrenta alguns problemas comuns, como a insatisfação dos moradores devido à escassez de estacionamento gratuito, o aumento da demanda por vagas em áreas adjacentes à zona azul e a necessidade de fiscalização adequada para evitar infrações. Além disso, algumas pessoas podem considerar as tarifas elevadas, o sistema de pagamento complexo ou até mesmo a disponibilidade limitada de vagas como desafios. Para minimizar esses problemas, muitas cidades buscam um equilíbrio entre as necessidades dos motoristas, dos residentes locais e das lojas da região. No projeto apresentado, as areas adjacentes serão contempladas com o serviço, em que pese a falta de uma explicação de por que 126 vagas para a Rua Honorato Bonfim.  

A existência de clínicas e hospitais tem se tornado um problema em outras cidades. Aqui em Feira existem três  problemas relevantes: lojistas, taxistas e veículos de transporte intermunicipal. Os lojistas abrangem não somente os donos de lojas, mas trabalhadores em geral que usam o espaço público como garagem pessoal, e, estacionam seus automóveis pela manhã e retiram no final da tarde, este público se acostumou ao longo dos anos a nada pagar e como vai reagir a uma nova realidade será uma incógnita que precisará ter muito diálogo. Os taxistas praticamente tem direito a um bom espaço de oferta das vagas atuais no centro da cidade. Sao pontos com até 20 vagas destinadas aos operadores do serviço de transporte de passageiros, e com uma atividade em crise existencial desde a intensificação dos aplicativos que tem lhes roubado a clientela. Por último o mais grave , a frota intermunicipal que tem ocupado espaços importantes como a Rua Carlos Gomes, totalmente ocupada por veículos de Ichu, Candeal e Tanquinho. Praça Froes da Mota com veículos de Riachao e Capim Grosso, praça da Matriz com veículos de Santo Estêvão e Ipira. Evidente que existem mais cidades e mais pontos, portanto, será um problema, pois ao fugir do pagamento da zona azul, se vão procurar novos espaços e vai haver concorrência por espaços onde não exista o serviço pago oficialmente. O projeto se mostrou tímido ao tratar destes espaços, por exemplo, a Rua Carlos Gomes ofertará 15 vagas. Basta verificar que somente o ponto de taxí ao lado da Loja de embalagens tem 10 vagas. Parece que vao continuar permitindo a rodoviaria clandestina de transporte intermunicipal ali e em outros pontos. 

Outra questão relevante são os os danos ao carro enquanto estiver estacionado na zona azul, que são de responsabilidade do proprietário do veículo. A zona azul é geralmente uma área designada para estacionamento, e os motoristas devem tomar precauções para garantir a segurança de seus veículos, como trancar as portas e tomar medidas adequadas para proteger seus pertences. Se houver danos causados por terceiros, como vandalismo ou colisões, a responsabilidade por reparos normalmente recai sobre o proprietário do veículo. No entanto, ainda é possível adequar a legislação local para evitar possíveis conflitos jurídicos tal qual ocorre em outras cidades. Uma pesquisa no site reclame aqui, se pode observar o tamanho do problema em quem não fez a correta adequação da legislação do serviço, precisamos aprender com o passado , para não repetirmos erros. A cidade convive com esqueletos de projetos que teimam em queimar dinheiro público. A lista cresce, Centro de Convenções, Sistema BRT, Shopping Popular, Aeroporto. Vamos torcer que a Zona Azul nao seja mais uma produção dos mesmos criadores.

 

  

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