As classes sociais do segundo quarto do século XXI

 A divulgação do dado em que apenas um terço da classe trabalhadora brasileira está no mercado formal nos remete a obra de Marx, o Capital, quando no inacabado livro III, ele define as classes sociais em três: os proprietários fundiários, donos das terras e que viviam do arrendamento e ou venda de suas propriedades , os Capitalistas e detentores do processo.  de acumulação e que viviam subdivididos em capitalistas industriais, comerciais e rentistas, e por fim a classe trabalhadora, vivendo de salários. Ao longo dos séculos o Capitalismo foi mudando e moldando sua forma de exploração e aos poucos foi quebrando a força de resistência que era a união da classe trabalhadora e foi transformando a classe dos proprietários fundiários em classe para si. Ao criminalizar os sindicatos ele impôs um conceito de usurpação de direitos, incutindo na cabeça dos pequenos empresários que eles faziam parte da classe Capitalista e deveriam temer a união da classe dos assalariados, pois segundo a máquina de moer classes, a propriedade privada  conseguida a duras penas estaria em risco. 

Este argumento falacioso foi colocado em movimento e daí, a origem do cara ter uma pequena propriedade rural e morrer de medo da mesma “ser invadida” por uma horda criminosa e preguiçosa que nada produz. Este discurso foi amplificado para as cidades a proporção que a população brasileira foi deixando de ser rural em sua maioria e passou a conviver em cidades. Agora era, segundo a ordem de cima, o empregado que queria ter direitos até a tomar a empresa de seu dono. Ao mesmo tempo passaram a dizer aos pequenos empresários que eles eram o motor da economia do país e que sem eles a nação parava. 

Assim foi gestado o ambiente para a divisão da classe trabalhadora, numa terrível ameaça a la espada de Damocles em que o pobre deixa de enxergar seu papel na economia e passa a se preocupar com a ameaça ao seu ganha pão. Sim, ganha pão, pois o grande Capital permite alguns prazeres de luxo e ostentação maiores que a maioria da classe trabalhadora e deixa que o combate ocorra no andar de baixo, sem no entanto o pequeno empresário  entender seu papel de capataz do sistema. Vez ou outra se permite que um ou outro ascenda a classe de cima, enquanto a maioria fica oprimindo aos menos favorecidos. Assim, voltamos ao início do texto, para buscar os dois terços da classe trabalhadora que estão fora do mercado formal, o que eles tem feito para sobreviver? Vivendo de empregos precarizados, sem cobertura previdenciária, ganhando menos do que a 15 anos atrás, na verdade, menos de 50%, estas pessoas estão presenciando sua vidas pessoais e famílias sendo destroçadas, basta ver a estatística de vendas de ansiolíticos e como aumentaram os suicidios entre jovens pobres. A vida não está fácil e hoje alem  das classes em si e para si dos capitalistas, podemos afirmar que existe uma imensa divisão na classe trabalhadora, e os sindicatos classistas precisam dialogar com a categoria dos precarizados a exemplo dos trabalhadores de aplicativos e afins. Nao se pode pensar em classe trabalhadora com carteira assinada apenas, as centrais únicas precisam mirar nos precarizados, nos movimentos sociais e não deixar este papel para instituições como as igrejas que acabam pregando um papel de conformismo do tipo Gabriela, eu nasci assine vou sempre ser assim. Caso não exista uma resistência, o caos se avizinha, com ricos cada vez mais ricos e metidos, pobres cada vez mais pobres e falidos.

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