Desmontando Fake News sobre Bndes

 Como questionava Brecht, que tempos são estes em que temos de defender o óbvio? Vamos aqui falar sobre operações de crédito do Bndes para países como Venezuela, Cuba e Angola. 

O Brasil precisa exportar e não é fácil num mundo habitado por chineses e americanos, que vivem solapando mercados e submetendo tudo a sua ótica agressiva de mercantilizar a geopolítica mundial. Daí que países emergentes precisam buscar instrumentos que possam inserir sua pauta de exportações oferecendo vantagens a seus clientes, principalmente os fidelizados, digo próximo ideologicamente, afinal de contas ninguém vai vender barato para inimigos.

Desde o final da década de 90, nosso Brasil varonil emprestou cerca de US$ 10,5 bilhões para financiar 86 obras tocadas por construtoras brasileiras em 15 países. Angola foi o país que mais contratou e, pasmem, já pagou tudo. Você certamente conhece alguém que morou em Angola e ganhou bons salários, pois isso foi financiado com o empréstimo, pois estas operações tem a vantagem de exigir contratação de pessoal e mercadorias nacionais da terra onde canta o sabiá. Argentina foi o segundo país a receber benefícios de empréstimos e ainda deve US$ 29 milhões. Você talvez diga, ah mas muito disso teve corrupção. Sim, talvez , mas existe justiça e instituições para isto, vigiar e punir.  

O Lula falou em construir um gasoduto de Vaca Muerta na Patagônia para fornecer gás de xisto a indústria brasileira e ainda contratar compra de fertilizantes argentinos. Mas isso somente aparece no canto das notícias, sim precisamos de fertilizantes argentinos para nossa agricultura, tão forte na comercialização dos grãos, mas somos incipientes na produção de insumos . Então não venham com chorumelas, estas operações são viáveis ao Brasil. 

Voltando aos empréstimos, são operações de crédito e precisam ser convalidadas por uma gestão de risco que avalie eficazmente a análise de crédito, traduzindo, todo empréstimo tem riscos envolvidos, desde uma operação bancária com grandes grupos ( leiam sobre Americanas) até uma simples conta de bar entre amigos, o famoso pague que depois a gente acerta. O que precisa fazer o emprestador, se cercar de garantias e isto o governo brasileiro faz através do FGE, Fundo Garantidor de Exportações e aqui reside a crítica atual. Dizem que é dinheiro público, e não estão errados, senão vejamos o que constitui o FGE, segundo o artigo 3 da lei 9.818/99: 

O produto da alienação das ações, a reversão de saldos não aplicados, dividendos e remunerações de ações em carteiras, dotações da União e comissões decorrentes da aplicação de garantias. Existem outros recursos, mas fiquei aqui neste último item que compõem as operações externas, e ao vislumbrar o relatório de gestão do FGE em 2020, se pode observar que o resultado operacional é superavitário em R$ 1.724 milhões, ou seja, o Brasil financia as exportações e ainda ganha grana ao mitigar os riscos. Tudo bem que Cuba ainda deve US$13 milhões, mas quem mandou quebrar a Odebrecht que foi responsável por empréstimos de US$ 176 milhões para a construção do Porto de Mariel? sendo que o país caribenho tomou US$ 600 milhões e deve apenas US$ 13 milhões, menos que os gastos com o cartão corporativo e sempre podemos importar Médicos Cubanos e alguns charutos para garantir essa grana. Apenas lembrando que o Brasil vendeu muito mais em bens e serviços, cerca de US$900 milhões para ser mais exato. 

Tentando destrinchar, qual fornecedor não deu bonificação, desconto ou equivalente ao seu cliente buscando garantir a venda? Assim funciona o mercado internacional e o resto é apenas Fake News de quem não entende de Economia Internacional. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A torneira, dois copos americanos e a Taxa Selic.

Escândalos de Manipulação Cambial, Especulação no Brasil e a Atuação do JPMorgan

Dilemas futuros após a implantação do Centro de Convenções de Feira de Santana