Capital Constante e Capital Variável na Teoria Marxista e sua influência na Economia Feirense**
A teoria do capital constante e capital
variável é um dos pilares fundamentais da análise econômica de Karl Marx. Esses
conceitos desempenham um papel essencial na compreensão do funcionamento do
sistema capitalista, especialmente no que diz respeito à exploração da força de
trabalho. Vamos explorar essas ideias em detalhes. O capital constante, de
acordo com Marx, refere-se à parte do capital investido em meios de produção,
como máquinas, fábricas, matéria-prima e outras formas de infraestrutura. Esses
elementos não geram valor por si mesmos, mas são essenciais para a produção de
mercadorias. No entanto, o capital constante não cria valor adicional, pois
apenas transfere seu próprio valor para o produto final. Em termos simples, o
capital constante é fixo e não gera mais valor do que originalmente investido.
Para tanto se precisa que empresários adquiram estes instrumentos que vão
viabilizar a produção. No caso das empresas comerciais, a estrutura física das
lojas e a exemplo de clínicas de saúde, seus aparelhos para procedimentos. Em
todas essas unidades de produção, estão presentes em Feira de Santana, dando o
tom de uma cidade com forte poderio econômico. A ostentação faz parte da classe
empresarial feirense, podendo ser observado o movimento em praias e resorts de
luxo com fotos e vídeos postadas em redes sociais, principalmente em feriados
prolongados. Não à toa, a cidade se situa como terceiro PIB entre os 417
municípios baianos, o que mostra a força do capital constante em terras de
Maria Quitéria. O capital variável, por outro lado, representa a parte do
capital investido na força de trabalho, ou seja, os salários pagos aos
trabalhadores. A peculiaridade do capital variável é que ele é capaz de criar
valor adicional. Os trabalhadores, ao aplicarem seu esforço e habilidades na
produção, adicionam valor ao produto que excede o valor de seus próprios
salários. Esse valor adicional é a fonte da mais-valia, que é a base da
exploração capitalista.
Em Feira de Santana,
reside uma desigualdade enorme quando se avalia a renda per capita do
município. Como dito acima aqui se tem o terceiro PIB do estado, mas em termos
de renda, ocupa o centésimo trigésimo sétimo lugar, com 1,9 salário mínimo.
Enfim, em que pese o trabalhador produzir a riqueza, essa, por sua vez é
apropriada pelos capitalistas, criando e fomentando uma desigualdade social
enorme.
A Importância da Relação
Entre Capital Constante e Capital Variável se torna importante para entender
todo o problema. O cerne da teoria de
Marx é a análise da exploração intrínseca ao sistema capitalista. A mais-valia,
que é a diferença entre o valor que os trabalhadores criam com seu trabalho e o
valor pago a eles sob a forma de salários, é fundamental para a acumulação de
capital. Essa exploração é possível porque o capitalista controla tanto o capital
constante quanto o capital variável e extrai lucro através dessa relação. A
renda disponível do trabalhador volta as mãos dos empresários, pois ganhando pouco,
ele é obrigado a morar distante do local de trabalho, precisando despender mais
renda, que por sua vez aumenta a apropriação da riqueza produzida, através do
transporte, por exemplo. A divisão entre
capital constante e capital variável tem implicações profundas na distribuição
de renda na sociedade. Enquanto o capital constante não gera renda adicional
para os trabalhadores, o capital variável cria lucros para os capitalistas.
Isso resulta em uma crescente disparidade de renda, com os capitalistas
acumulando riqueza à custa dos trabalhadores, como no exemplo citado acima. Os
trabalhadores passam a ter menos tempo com sua família, e aumenta o
distanciamento.
A teoria do capital constante e variável de
Marx tem sido objeto de inúmeras críticas e revisões ao longo dos anos.
Economistas e pensadores modernos argumentam sobre a relevância desses
conceitos em um ambiente econômico cada vez mais complexo. Em Feira de Santana,
como em qualquer cidade de porte médio no Brasil, um casal de trabalhadores com
filhos, não tem acesso a oferta de creches e pagam valores irrisórios a pessoas
de renda ainda mais inferior, gerando bolsões de pobreza que justificam a
crítica marxiana a perpetuação da pobreza. Com este cenário, a análise marxista
continua a ser uma influência importante na teoria econômica e no debate sobre desigualdade
e exploração. Em conclusão, a distinção entre capital constante e capital
variável é central na teoria de Marx e desempenha um papel crucial na
compreensão das dinâmicas do sistema capitalista. A exploração da força de
trabalho é um aspecto fundamental desse sistema, com o capital variável
desempenhando um papel essencial na criação de valor e na acumulação de capital
por parte dos capitalistas. A análise marxista continua a ser relevante e
provocadora, estimulando debates sobre desigualdade e justiça econômica na
sociedade contemporânea.
A proporção de pessoas
ocupadas em relação a população total gira em torno de ⅕, ou seja, o desemprego
no mercado formal é muito grande, onde 38,7% da população vive com uma renda
nominal de até ½ salário mínimo, isso significa exploração do fator trabalho.
Por outro lado, essa
exploração acaba por excluir do processo de produção capitalista, uma
quantidade de trabalhadores que acabam ejetados do mercado de trabalho, gerando
um exército de miseráveis lutando pela sobrevivência, as vezes incentivando a
criminalidade. Para que se tenha uma ideia, ao amanhecer o dia, cerca de 25 mil
trabalhadores não sabem e não tem o que comer nas próximas horas, gerando um
desespero muito grande nas famílias. Basta que 1% desse número se disponha a
cometer crimes com o objetivo de saciar a fome, para se ter uma ideia de como a
pobreza alimenta a criminalidade. Mas, também vale salientar que 99% desse
contingente de pobres, parte, para informalidade, como camelôs, prestadores de
serviços ambulantes e, desfalcando o mercado formal. Além de tudo, eles ofertam
sua força de trabalho a um valor ainda mais barato, favorecendo a apropriação
capitalista.
Em toda essa conjuntura,
ainda existe a cultura escravista do capitalista local, que em sua maioria,
acredita que é o criador da riqueza e o empregado lhe deve favor por gerar
emprego, daí que perpetua os baixos salários e a péssima distribuição de renda
municipal. Afinal de contas, a pouca renda distribuída aos trabalhadores,
implica numa maior pulverização da divisão do lucro entre os agentes patronais,
culminando com falências e quebras de empresas. Em todo este cenário se tem o
crescimento economico de cidades como Santo Antônio de Jesus e um ainda tímido,
crescimento de atividades econômicas em Conceição de Jacuípe e Conceição da
Feira, mas que já começam a tirar mercado da economia feirense.
As políticas públicas
desempenham um papel crucial na erradicação da pobreza e na redução das
desigualdades. Aqui estão algumas maneiras como as políticas públicas podem
contribuir para esse objetivo:
Políticas de transferência de renda, como
programas de assistência social e bolsas familiares, podem ajudar a melhorar a
situação financeira dos mais pobres, reduzindo a desigualdade. Investir em
educação de qualidade e torná-la acessível para todos é uma forma eficaz de
combater a pobreza a longo prazo, permitindo que as pessoas adquiram
habilidades e oportunidades melhores. Políticas que promovem o crescimento
econômico e estimulam a criação de empregos podem ajudar a reduzir a pobreza,
desde que esses empregos ofereçam salários dignos. Garantir acesso a cuidados
de saúde acessíveis e de qualidade pode prevenir despesas catastróficas de
saúde que levam à pobreza. Implementar redes de segurança social, como
seguro-desemprego e aposentadorias, ajuda a proteger as pessoas de quedas
financeiras abruptas. Políticas que promovem a agricultura sustentável e o
desenvolvimento rural podem beneficiar áreas com altas taxas de pobreza. Investir
em infraestrutura, como saneamento, eletricidade e transporte, melhora a
qualidade de vida e estimula o desenvolvimento econômico. Incluir as
comunidades afetadas nas decisões sobre políticas públicas pode garantir que
essas políticas atendam às suas necessidades específicas.
A erradicação da pobreza e
a redução das desigualdades frequentemente exigem uma abordagem multifacetada
que combine várias dessas políticas. Além disso, é importante monitorar e
avaliar continuamente o impacto das políticas para garantir que estejam
atingindo seus objetivos.
Reduzir a exploração da
mais-valia, de acordo com o pensamento marxista, envolve transformações no
sistema econômico e nas relações de produção. Algumas maneiras de abordar isso
incluem:
Socialização dos meios de
produção: Quando os meios de produção são propriedade coletiva da sociedade em
vez de propriedade privada, a exploração da mais-valia pode ser reduzida.
Redução da jornada de
trabalho: Uma jornada de trabalho mais curta pode ajudar a limitar a extração
de mais-valia, permitindo que os trabalhadores desfrutem de mais tempo livre e
lazer.
Aumento dos salários e
benefícios: Pagamentos mais justos aos trabalhadores podem diminuir a
exploração da mais-valia, garantindo que eles recebam uma parcela maior do
valor que produzem.
Participação dos
trabalhadores na gestão: Envolver os trabalhadores nas decisões sobre a
produção e distribuição pode ajudar a reduzir a exploração, dando-lhes mais
controle sobre o processo.
Regulação estatal:
Políticas e regulamentações que protegem os direitos dos trabalhadores e
limitam práticas exploratórias podem contribuir para a redução da mais-valia.
A abordagem para reduzir a
exploração da mais-valia varia de acordo com a perspectiva ideológica e as
políticas econômicas adotadas em diferentes sociedades. Aqui não se tem a
pretensão de achar que a teoria marxista venha a ser solução imediata da
economia feirense, seria uma infantilidade imensa. Mas, ela fornece a crítica a
economia política local, aponta o rumo da consciência da classe trabalhadora,
pois esperar o impossível dos capitalistas em compartilhar um pouco da riqueza
acumulada seria desconhecer o prazer do Tio Patinhas, em diariamente mergulhar
em sua piscina de riqueza acumulada.
Comentários
Postar um comentário