Estamos sob Nova Direção e Nova Força Política

 






Estamos sob Nova Direção e Nova Força Política.

 

Por: Antonio Rosevaldo F. da Silva

 

 

Nas eleições de 2022 para deputado federal, o Neto Carletto teve em Feira de Santana, 2.044 votos. Nada significativo, mas é importante cravar este número pois, na próxima eleição ele pode vir a ter um crescimento exponencial. E por que? Simples, chegou à Feira de Santana, importada do extremo sul do estado baiano, uma nova força política na cidade. Trata-se da família Carletto, que aqui já tinha adquirido a tradicional empresa Santana, que operava a linha Feira de Santana a Salvador, o maior corredor rodoviário intermunicipal do Norte e Nordeste do país. Nos últimos anos, aliado ao crescimento político da família Carletto, vem a reboque, seu crescimento na hegemonia da oferta de transporte intermunicipal, onde as linhas intermunicipais de maior rentabilidade e algumas interestaduais, estão sob suas asas e aqui na cidade basta ir na Rodoviária, que lá se poderá observar nas plataformas de embarque, o poderio familiar. Não à toa, que o presidente Lula se hospedou no final do ano passado, se hospedou na casa de praia atribuída a família poderosa sobre rodas.

Talvez você esteja neste momento observando o título e se perguntando que nova direção é esta? Bem, esta semana num processo licitatório estranho e confuso, a empresa Pauma Administrações e Serviços Ltda., braço dos Carletto no setor de administração de terminais, passará a administrar a Rodoviária de Feira de Santana por iniciais seis meses, mas podendo vir a ganhar a concessão permanentemente, e aí que a porca torce o rabo. Primeiro, aquela discussão política de construir uma nova Rodoviária, passa a ter um agente interlocutor poderoso, que certamente, vai colocar seus interesses financeiros na mesa, pois investir tanto em um negócio e o colocar em risco por conta de uma relocalização inviável, e apenas com o intuito de fortalecer o império imobiliário da cidade, ah isso não vai ser assim tão fácil.

A construção de Terminais Rodoviários de Passageiros teve seu auge na década de 1960, pegando carona no marketing da motorização do Brasil, aliando o individualismo à indústria recém instalada, modelando ou contribuindo para o transporte de cargas e pessoas em geral. Além disso, os municípios que conseguiram se desenvolver social e economicamente, foram ligados umbilicalmente às condições de acessibilidade e uma mobilidade que permitiu opções de transporte disponíveis e de qualidade.

Os meios de transporte, em âmbito geral, necessitam de estruturas de apoio para auxiliar o seu funcionamento. Suas dimensões são definidas conforme o tipo de uso ao qual se destinará e às necessidades inerentes ao espaço. O transporte rodoviário, por sua vez, necessita da infraestrutura de um terminal para realizar a articulação intermunicipal e interestadual. Este possibilita o embarque e desembarque, além da circulação constante de cargas e pessoas.

Os equipamentos utilizados na prestação de serviços de transporte de passageiros e cargas necessitam de estrutura de apoio para otimizar seu funcionamento. Suas dimensões e tamanho serão definidos de acordo o tipo de uso e seus destinos. Aqui vale salientar a importância para o transporte rodoviário de um Terminal que contribua para realizar a articulação intermunicipal e interestadual.

 Dessa vez não será uma empresa administrando o terminal e outras transportando passageiros, agora será um grupo empresarial que controla mais de 90% do volume de negócios ligados ao Terminal, e acima de tudo, uma família com um deputado federal, pelo menos dois estaduais e que vai sentar à mesa do governador, e que poderá ligar até para o presidente Lula, caso se sinta incomodada. A cidade feirense, nesse embate encontra seus líderes políticos locais, (2 Zés), envolvidos numa refrega eleitoral e se jogarem o tema nova rodoviária na campanha, vão ter de se explicar.

Pode ser que tudo que postei até aqui não aconteça nada, afinal de contas, os Carletto já estavam aqui ano passado e tiveram apenas 2.044 votos no seu sobrinho, mas lembre-se que a empresa Santana saiu de Feira de Santana e montou sede em Salvador, mas a Pauma não tem como enviar a Rodoviária para capital, os empregos aqui gerados serão mantidos. Não tem como a família dos buzus não ter protagonismo na cena política municipal. O que vai pegar é que a família não é muito chegada a um viés ideológico. A mesma turma que hospedou o vitorioso Lula, é a mesma que indicou o suplente de senador de Joao Leão e apoiou ACM Neto, certamente que em Feira, ela vai poder fazer unidunitê, ou simplesmente se abster, mas na campanha federal, ah essa o bicho vai pegar. Fica a partir de agora a expectativa de como irá se comportar a família por essas plagas.

As noticias que chegam é que a antiga administradora do Terminal Rodoviário, a SINART, não pretende jogar a toalha facilmente e promete recorrer do processo licitatório, afinal de contas, todo mundo chora o ano inteiro, mas ninguém deixa de desejar administrar um terminal que tem uma receita com alugueis e cobrança de tarifa de embarques que sobreviveu ao incremento da motorização na cidade. Apenas a título de lembrança, em agosto de 1994, o Terminal Rodoviário embarcou 202.000 mil pessoas, justamente o ano que se iniciou no Brasil, o processo de compra de carros populares financiados em 60 parcelas, e agora em agosto de 2023 não consegue embarcar 70.000 pessoas. O terminal está agonizando em termos de embarques, mas está vivo na questão logística, pois tem empresas de fretes e encomendas, ali instaladas que uma mudança impactará na manutenção de centenas de empregos dentro do Terminal e também fora, haja visto a quantidade de lojas, hotéis, pousadas e restaurantes que sobrevivem ao entorno da rodoviária, inclusive, um baita hipermercado.

Em suma, debater mudança de rodoviária, a partir de agora passa pela mesa dos Carletto.

Comentários

  1. Rosevaldo, faz algum sentido tirar a rodoviária da ótima localização em que está? O movimento não é tão grande, caiu abaixo da metade do auge, como voce menciona. Ou seja, estando onde está, facilita a vida de quem chega ou sai, sem causar transtorno (a meu ver) ao trânsito. Está perfeitamente integrada à rotina da cidade.

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