Será possível recuperar a bacia leiteira da Região?

 

Acabo de assistir um programa sobre cooperativismo no estado do Paraná e como a acepção da palavra se enquadra, quando uma família perdeu a maior parte do rebanho e, por conseguinte, uma queda brusca na produção diária de leite de cerca de 95%. A ajuda de quem poderia passar por isso, também foi importante para recuperação da produção familiar. Tipo assim, hoje eu te ajudo e amanhã, você pode me ajudar e juntos cresceremos ainda mais. Os demais cooperados fizeram doações de animais e a produção familiar foi recuperada. Não teve como não viajar no tempo e lembrar de como Feira de Santana já foi um player preponderante na oferta de leite na região, sendo que sua bacia leiteira ocupava um lugar de destaque.

Feira de Santana, localizada na Bahia, é uma região que se destaca na produção de leite. O estado da Bahia é o principal produtor de leite na região Nordeste do Brasil, respondendo por 27% do total de leite produzido na região.  A cidade de Feira de Santana, na prática, não possui um programa que incentiva a produção de leite, capacitando pequenos produtores para assegurar a produção sustentável, mesmo durante longos períodos de estiagem. A região de Feira de Santana é conhecida por sua produção agropecuária diversificada, incluindo a produção de leite. Além disso, a cidade se destaca na criação de asininos, equinos, coelhos, frangos e ovos. A produção de leite na região contribui para a economia local e para o abastecimento de leite na Bahia e no Nordeste do Brasil.  O Nordeste responde por 13% da produção nacional. Na Bahia as microrregiões de Catu e Alagoinhas conseguiram 29% da produção estadual. Uma busca pela internet e a gente pode verificar que já tem alguns anos que a Prefeitura tenta catapultar um programa de recuperação da bacia leiteira feirense, mas em termos práticos, as ações ainda continuam restritas aos escritórios.

O número de vacas ordenhadas vem caindo ano após ano, conforme o gráfico abaixo:

 



 



                                                Fonte: IBGE.

O ano de 2004 tinham 8.000 vacas ordenhadas e em 2022 este número caiu para 3.355, número que desestimula a produção em escala. Ainda segundo o IBGE, o efetivo do rebanho produziu em 2022, cerca de 4.3 milhões de litros contra 5.0 milhões em 2010. A perda vem sendo considerável. Estamos falando de um mercado que já teve aqui dois grandes laticínios que davam conta do escoamento da produção local.

A produção de leite pode contribuir significativamente para a economia local devido ao seu impacto na geração de empregos, no aumento da renda dos produtores e no fortalecimento da cadeia produtiva. Na região de Feira de Santana, a produção de leite é uma atividade importante, e programas como o "Plano Leite Bahia" podem ser melhor implementados para incentivar e capacitar pequenos produtores, visando assegurar a produção sustentável, mesmo durante longos períodos de estiagem. Uma rápida pesquisa na internet, se observa que a secretaria municipal de agricultura vem sempre mostrando intenções de aplicar melhorias ao setor, mas, infelizmente, os resultados não vêm sendo satisfatórios.

Enquanto isso, cadeia produtiva do leite na Bahia tem crescido e gerado empregos, e o estado ultrapassou a marca de produção de 1 bilhão de litros por ano, evidenciando o impacto positivo na economia local. Em 2021, a produção de leite na Bahia atingiu 159,9 milhões de litros no primeiro trimestre, representando um aumento de 14,8% em relação ao ano anterior. Portanto, a produção de leite não apenas contribui para o abastecimento de leite na região, mas também impulsiona a economia local por meio da geração de empregos e do aumento da produção e renda. Necessário se faz que Feira de Santana volte a ocupar o protagonismo passado e, aproveitar a oportunidade de ter um governador que conhece profundamente os problemas e soluções para a produção leiteira. A velha alegação de região com alta propensão a estiagem, a velha seca, não cabe mais num mundo em que a tecnologia se faz presente.

Na produção de leite, a tecnologia desempenha um papel significativo, especialmente em regiões propensas a períodos de seca. Algumas maneiras específicas incluem por exemplo, a automação na ordenha que proporciona eficiência, permitindo que os agricultores realizem a ordenha de forma rápida e regular, independentemente das condições climáticas. Isso reduz o estresse nos animais e mantém a produção constante. Tecnologias avançadas de alimentação, como formulações precisas de ração e suplementos nutricionais, ajudam a manter a saúde e a produção do rebanho, mesmo quando os recursos alimentares naturais são escassos devido à seca. Sensores e dispositivos de monitoramento remoto permitem que os agricultores rastreiem de perto a saúde dos animais, identificando problemas de saúde rapidamente e garantindo um cuidado adequado durante condições desafiadoras. Em regiões propensas a temperaturas elevadas durante períodos de seca, como Feira de Santana, sistemas de resfriamento eficientes em fazendas leiteiras garantem o bem-estar dos animais e mantêm a qualidade do leite.  A Gestão de Dados Agrícolas para Plataformas digitais e softwares de gestão, auxiliam os agricultores na análise do desempenho do rebanho, permitindo decisões informadas sobre manejo e nutrição. Ao adotar essas tecnologias, os produtores de leite podem enfrentar melhor os desafios associados à seca, mantendo a produtividade e garantindo a sustentabilidade a longo prazo de suas operações.

Enfim, se pode incentivar a produção leiteira e garantir renda para a população. A Reintrodução de novas agroindústrias no setor pode sem melhor captadas, com o que temos de melhor, nossa localização como entroncamento rodoviária, que permite acesso a mercados consumidores e redução de custos logísticos.

Em Ibirapuã existe uma unidade industrial que processa 650 mil litros de leite por dia, produzindo mensalmente mil toneladas de soro de leite em pó e outras 2.300 toneladas de derivados do leite. A empresa gera 850 empregos diretos e 12 .000 postos indiretos. Pois esta empresa está com projeto de implantação de uma planta ne região da Grande Salvador, ou seja, Feira vai perder novamente.

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