A Cesta Básica nossa de cada dia.

 

Desde que a UEFS começou a fazer o cálculo mensal da Cesta Básica na cidade de Feira de Santana, um espectro começou a rondar a sala do Programa Conhecendo a Economia Feirense: Custo da Cesta Básica e Indicadores Sócio Econômicos. Caindo no gosto do público interno em primeiro lugar e em seguida foi tomado pela população. Essa semana um jornalista já me cobrava o boletim, massa, eu pensei. A Universidade devolve uma parte dos recursos que a sociedade paga em tributos, podemos fazer muito mais, sabemos de nossa responsabilidade e dela, não pipocamos, pelo contrário, caímos para dentro, grandões.

Os 12 produtos pesquisados mostram a cara de um Brasil produtor dependentes de variáveis exógenas e endógenas, mas seguimos em frente. Trabalhando com os boletins de novembro de 2022 e 2023, se pode fazer uma inferência sobre o desempenho de nossa cesta.

A começar pelo açúcar que em 2022 ( nov/21 a nov 22) estava com aumento acumulado de 11,35% e fechando no 2023 com um aumento de 0,71% no acumulado anual, ou seja, o feirense não pagou caro para fazer doce e olha que fizemos de todo jeito. O produto da cana nos é sensacional, então chupa que a cana é doce. O arroz foi um dos vilões de 2023, pois pesou a mais 20,36% em 2023 contra um leve aumento anual de 2,82% em 2022. Eu até estava querendo fazer um arroz de sushi, mas já estou repensando, tomara que outras pessoas fiquem um pouco indiferentes ao consumo de arroz, pois menos consumidores dispostos a pagar, o preço tende a cair. Tudo bem, ora direis, ouvir estrelas, que as enchentes no sul do país devastaram as plantações, mas eu jurava que existiriam estoques reguladores, afinal essa é função deles, ou não? A gente vai meter passas no arroz neste réveillon, gostem ou não gostem, e lentilha também. E quem não gostar receba uma banana prata, que mais pareceu nos últimos dois anos, ouro comestível, pois já tinha subido 35,62% em 2022 e não satisfeita em nos dar bananas, o mercado desta fruta subiu 11,31 % em novembro de 2023. Não se pode mais usar a expressão a preço de banana, pelo menos por enquanto. Daí que é bom parar, sentar e tomar um café, pois, este sim foi uma das boas notícias da cesta básica, pois em novembro de 2023 fechou o acumulado anual em queda de 3%, quando ano passado acumulava alta de 35,62%, brinde ao café. Você aí, já experimentou um café baiano da Chapada? Vai fundo que é dos grandes prazeres da vida, mas vai com moderação, pois a cafeína em excesso pode trazer complicações para a saúde. Não é porque baixou o preço que você vai se empanturrar de café.

E a carne? Depois de ser o  pesadelo das famílias em 2021, quando carne registrou um aumento de cerca  10%, em 2022  o produto caiu 1,34%. Já em novembro de 2023, para alegria da população, o preço da carne acumulou em 12 meses uma queda de 11,03%. Gente vamos agradecer aos chineses que exigiram comprar carne de animais com no máximo 2,5 anos de idade. Isso fez com que começasse a acontecer uma inovação tecnológica de cria e engorda, reduzindo o ciclo da pecuária, e nossa picanha se vai fazer presente no réveillon das nossas familias. Apenas cuidado com o colesterol e o ácido úrico. Mas se sentir peso na consciência, pode empurrar farinha por cima da carne, para enganar o fígado pois a bichinha que em 2022 foi a campeã de aumento com 42,96 estava em novembro com alta de 15,67%, a gente começa a gostar ainda mais de pirão. Ou então meter farinha na feijoada pois a leguminosa da classe magnoliopsida ( pesquei no google), que em 2022 havia no período de nov/21 a nov/22  subido 20,20% , agora em 2023, no mesmo período, caiu 19,49%.  Feijão maravilha, acho que vou fazer um sanduiche de feijão e meter açúcar por cima. Tem mais:  não vou largar a mão de ninguém em fazer o pirão,  pois o leite pasteurizado, que em 2022 estava nas alturas, mais angustiado que um goleiro na hora do gol,  com subida de 36,35 %, em 2023, sempre lembrando que em igual período, ou seja de novembro a  novembro,   foi de queda de 16,14%. Eu fiz até coalhada e você aí? Pensando bem aquele sanduiche vou rechear manteiga com gosto, pois ela em 2023 registrou queda nos preços de 1,63% contra um aumento acumulado de 36,16% em 2022. Naquele ano passaram manteiga foi na nossa renda disponível, mas em 2023 ficou mais barata.

Dia desses, vi um amigo postando uma foto de uma garrafa de óleo de soja, comemorando o preço em baixa, e ele tinha tudo para comemorar mesmo, pois a lindona que havia subido 7,68% em 2022, chega a novembro de 2023 com queda de 29,36%, a maior queda entre os 12 produtos da cesta. Alô Milei, olha, pega leve aí nos preços do trigo para a gente, pois em 2022 os preços do pãozinho nosso de cada dia (com manteiga na chapa é show), subiram 23,86%, em 2023 segue  com  aumento: 9,71%. Toma uns comprimidos de gardenal aí, segura o preço da commodity,viva la libertad carajo.

Por fim aquele distinto senhor que a gente não sabe se é fruta, leguminosa, mas que está sempre presente em nossas vidas, no vinagrete, no molho lambão, no extrato do tempero, sim estou falando do tomate. Esse senhor incomoda quem trabalha calculando a cesta básica. Já tivemos momentos que o churrasco que era o acompanhante do tomate. Em 2022 ele estava em baixa de 22,31 %, mas em 2023 ele resolveu apertar o orçamento doméstico de quem o consome indiferentemente, e subiu 19,96%.

Assim, a gente que participa do Programa Conhecendo a Economia Feirense se despede de 2023, esperando que em 2024 todos os 12 produtos atinjam o preço de equilíbrio satisfazendo vendedores e compradores.

 


 

 

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