A classe trabalhadora dentro dos campi das universidades brasileiras no Século XXI

 

A classe trabalhadora dentro dos campi das universidades brasileiras no Século XXI

 

Antonio Rosevaldo Ferreira da Silva

 

A reorganização da classe trabalhadora no século XXI é um processo multifacetado e dinâmico, moldado por fatores como globalização, tecnologia e mudanças nas relações de emprego. Os trabalhadores estão se adaptando a um ambiente em constante mudança, buscando novas formas de representação e colaboração para proteger seus interesses e promover uma sociedade mais justa e equitativa. A reorganização da classe trabalhadora é um reflexo da constante evolução das forças econômicas e sociais que moldam nossa era contemporânea. A classe trabalhadora é composta por indivíduos que dependem da venda de sua força de trabalho para ganhar a vida. A reorganização da classe trabalhadora é um tópico relevante e em constante evolução, especialmente em um cenário de mudanças econômicas, tecnológicas e sociais, que aceleram a precarização da atividade laboral. A transformação dos mercados de trabalho, impulsionada pela globalização, tecnologia e mudanças nas relações de emprego, está moldando um novo cenário para os trabalhadores em todo o mundo, na maioria das vezes ameaçando a sua sobrevivencia com a perda de postos de trabalho.


Uma das tendências marcantes dessa reorganização é a crescente diversidade da classe trabalhadora. Antigamente, os trabalhadores eram frequentemente associados a indústrias de manufatura e produção em massa, mas hoje em dia, os trabalhadores vêm de uma ampla gama de setores, incluindo serviços, tecnologia, saúde, educação e empreendedorismo. Essa diversidade reflete a crescente importância da economia baseada no conhecimento e da economia digital. A globalização desempenha um papel fundamental na reorganização da classe trabalhadora. As cadeias de suprimentos globais e a migração de mão de obra resultam em trabalhadores de diferentes países competindo pelos mesmos empregos, o que vem criando desafios para a classe trabalhadora em termos de salários e condições de trabalho. No entanto, a globalização também oferece oportunidades para trabalhadores qualificados se conectarem a mercados mais amplos e acessarem uma variedade de oportunidades de emprego, mitigando a exploração do Fator Trabalho. A tecnologia, por sua vez, está mudando a natureza do trabalho. Automação, inteligência artificial e robotização estão transformando muitas ocupações, eliminando algumas funções enquanto criam outras. Isso exige que os trabalhadores sejam mais flexíveis, adaptáveis e dispostos a aprender novas habilidades ao longo de suas carreiras, fazendo com que os postos de trabalho desapareçam. As relações de trabalho também estão passando por uma reorganização. O crescimento de trabalhadores independentes e freelancers está mudando as estruturas tradicionais de emprego. Muitos trabalhadores agora buscam autonomia e flexibilidade em suas carreiras, mas também enfrentam questões como a falta de benefícios e segurança no emprego, a chamada uberização do trabalho.

Para enfrentar esses desafios e reorganizar de forma eficaz, a classe trabalhadora está buscando novas formas de representação e assim que, sindicatos e movimentos trabalhistas estão se adaptando, abraçando a diversidade e incorporando questões contemporâneas, como igualdade de gênero, equidade racial e justiça climática. Não se pode mais pensar um agir exclusivamente classista, ou seja, um sindicato nao pode apenas defender as pautas de reivindicação de sua categoria. As centrais sindicais precisam se multifacetar e reduzir seus tamanhos, não se pode pensar em sindicato A, B, C dentro da verticalização das insitituições. Cada vez mais nas instituições existe a dualidade em empregados diretos, aqueles que tem registro de seus contratos com a instituição, ainda existem os terceirizados, empregados de pessoas juridicas com CNPJ distinto da instituição onde sao realiazadas as operações. Assim coexistem, por exemplo na Petrobrás, trabalhadores da empresa e terceirizados. Estes ultimos muito mais precarizados.

A inclusão de trabalhadores terceirizados, como vigilantes, motoristas e agentes de limpeza, nas universidades brasileiras é uma mudança significativa na estrutura organizacional dessas instituições. Essa expansão das categorias de trabalhadores reflete transformações mais amplas na gestão e operação das universidades no Brasil. Não a toa, por estarem isolados em suas atividades operacionais, acabam por mitigar sua luta, os tornando mais frágeis em suas necessidades laborais. A introdução de trabalhadores terceirizados em universidades muitas vezes está relacionada à crescente necessidade de serviços especializados. Empregar empresas terceirizadas para funções como segurança, limpeza e transporte criou uma falácia que este processo de terceirização, poderia permitir que as universidades concentrassem seus recursos nas atividades acadêmicas principais. Isso ainda por cima, contribuiu para o déficit previdenciário do serviço público, pois quebrou a cadeia de contribuição do sistema.

A terceirização que deseja ser vista como uma estratégia para economizar custos, uma vez que as empresas contratadas são responsáveis pela contratação, treinamento e gestão dos funcionários terceirizados, acaba prejudicando a vida das categorias existentes. Isso pode ser benéfico para a gestão financeira das universidades até certo ponto, mas bastante prejudicial às trabalhadoras e os trabalhadores que vivem precarizados.

A terceirização pode oferecer flexibilidade na adaptação da força de trabalho às necessidades sazonais ou flutuações na demanda. Por exemplo, uma universidade pode contratar mais agentes de limpeza durante períodos de maior movimento. Aqui reside outra falácia que abre uma porta para superestimação dos custos dos contratos de terceirização, pois a limpeza dos espaços universitários é constante. Na verdade, a terceirização também gera preocupações relacionadas aos direitos trabalhistas, já que os terceirizados podem não receber os mesmos benefícios e proteções que os funcionários contratados diretamente pela universidade. Isso levanta questões sobre equidade e justiça no local de trabalho. A terceirização causa impactos nas comunidades locais, especialmente em cidades onde as universidades são grandes empregadores. Isso tem afetado as dinâmicas econômicas locais e o emprego, pois já virou lugar comum o atraso do pagamento dos salários das trabalhadoras e dos trabalhadores terceirizados e precarizados, contribuindo para inadimplência no comercio local.

A organização de uma força de trabalho que inclui funcionários diretos e terceirizados requer atenção cuidadosa à supervisão, coordenação e comunicação eficaz para garantir que as operações universitárias funcionem sem problemas. Não se pode mitigar essa organização e o movimento sindical precisa estar na vanguarda deste diálogo com as demais categorias.

Em resumo, a inclusão de trabalhadores terceirizados nas universidades brasileiras representa uma mudança na forma como essas instituições operam e gerenciam suas operações não acadêmicas. É uma resposta às demandas por eficiência e foco na missão principal das universidades, mas também levanta preocupações em relação aos direitos trabalhistas e à justiça no local de trabalho. Portanto, a gestão eficaz desses trabalhadores, em paralelo com a manutenção de altos padrões de qualidade, é um desafio importante para as universidades e suas comunidades. Não se pode falar em reorganização da Classe trabalhadora dentro das universidades, sem dialogar com todas as categorias.

 

 

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