Crítica ao Pequeno Burguês

 Crítica ao Pequeno Burguês

Lamento ter de esclarecer, mas é necessário desfazer a ilusão: você não é patrão. Você não é proprietário dos meios de produção, tampouco detém o controle real sobre a mercadoria que circula em seu nome. Na verdade, sua função é mediar a reprodução ampliada do capital alheio, você apenas gerencia, sob pressão, a acumulação de riqueza dos verdadeiros capitalistas, que são os detentores das mercadorias e do capital circulante.
A mercadoria que você “vende” sequer é sua. Você apenas a coloca em movimento na cadeia de valorização do capital. Se deixar de pagar ao fornecedor — isto é, ao burguês que detém o capital —, rapidamente conhecerá a coerção do sistema: punição, exclusão, falência. Seu lucro não passa de uma parcela da mais-valia, repartida sob a forma de comissão, destinada a mantê-lo funcional dentro da engrenagem.
Não se engane: sua posição é de intermediário precarizado. Você não está no mesmo barco da classe trabalhadora apenas porque enfrenta dificuldades; tampouco está no comando do navio por figurar acima do chão de fábrica. Está à deriva, preso entre a classe dominante que o explora e a classe trabalhadora que sustenta todo o edifício produtivo com seu trabalho alienado. Portanto, abandone essa ilusão ideológica de que partilha dos interesses do proletariado ou que ascendeu à condição de capitalista. Sua função é útil ao capital — e é só por isso que lhe permitem existir.
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